"Quero poder andar por ai.Conhecer lugares e pessoas. Quero amar e dizer que o amor não é apenas um conto, Mais uma realidade."

domingo, 15 de março de 2009

MEMÓRIAS DE UMA ASSASSINA

"È preciso saber que numa entrega de amor, sempre acabaremos com cicatrizes, marcas que ficara incrustados na nossa pele, e são essas marcas que nos fará decidir muitas coisas...."
(Palavras de uma pessoa que sofreu vários amores)

Ela levantou com cuidado a arma até o cano ficar frente a frente dos seus olhos.
Nunca tinha pego antes em uma arma na sua vida...
Achava aquela coisa uma invenção de alguém monstruoso...barbara...
Sem outro uso alem de matar...alem de tirar vidas....
O coração batia acelerado dentro do peito...
Mais sabia que em alguns minutos ele não bateria mais, nunca mais...
Lembrou das fotos que vira na Internet e de como os rostos ficava destroçados, feios depois de levar um tiro.
Mais procurou esquecer...afastar da cabeça as imagens daqueles rostos...
Não queria pensar nisso agora, estava disposta a ir até o fim dessa vez.
A acabar com um ciclo que aprendeu a seguir. A conviver.
Estava na hora de quebrar aquele ciclo de vicio.
De lágrimas e arranhões.
Que sempre se via refugiada, encarcerada, vivendo de restos que sobravam depois.
Precisava terminar logo com aquilo antes que a outra acordasse dentro dela.
Sabia que hoje estaria vulnerável...
Não teria forças suficiente de enfrentar a outra se acaso quisesse lutar,
Não podia arriscar começar uma batalha justamente agora,
Quando já tinha ido tão longe...e estava tão próximo...
Seria colocar tudo a perder.
Pois a outra lhe venceria facilmente.
E teria que conviver com essa derrota mais uma vez ...
Junta-las a tantas outras que tinha...na infância...na adolescência...na vida adulta...
Tinha que manter a coragem, faltava pouco..muito pouco agora para se ver livre desse mundo injusto...
Durante todo o tempo a outra tentou lhe convencer a não fazer aquela besteira, a recuar.
A desistir antes que alguém saísse ferido...."como assim sair ferido"...
A outra não via quantas cicatrizes ela tinha pelo corpo...
"Quantas chagas carregava na alma... ainda abertas...sangrando...doendo...."
Num momento de fúria mandou que a outra se calasse...ela sabia o que estava fazendo...
E dentro do carro percebeu que pela primeira vez em toda a sua vida não a ouvia mais...a outra estava em silencio...muda....
Mesmo assim manteve a atenção, podia ser uma armadilha...
A outra nunca foi dessas...de ficar quieta...
Comprou a arma numa loja bem afastada da cidade.
Quase não encontrou o lugar, e depois de se perder, rodar varias horas por estradas de terra e outros atalhos conseguiu enfim encontrar a loja...
Era um sobrado velho...como lhe tinham falado...
O estranho é que durante todo o tempo que esteve ali o vendedor tentou lhe empurar uma arma que ele mesmo tinha dito que voltava sempre.
Disse que não era por que arma não funcionasse, por que ele mesmo sempre a testava toda vez que a traziam de volta e nunca encontrou nenhuma falha....
Disparava como uma outra qualquer...e na opinião dele era a melhor que possuia de todas as armas da loja...
Falou que as vezes a pessoa que tinha comprado a arma era a mesma que trazia-a de volta...
Outras vezes eram pessoas, talvez amigas, parentes daquelas que tinham comprado e por algum motivo não quiseram elas propias vir devolver e mandava outras eu seus lugares,
Simplesmente estas entravam na loja, colocavam a arma sobre o balcão e iam embora...
Nos dois casos nunca queriam o dinheiro de volta...nunca falavam nada..entravam e saiam sem uma palavra... não olhavam para trás....
Por uma fração de segundos ela desejou perguntar se ele nunca perguntou por que as pessoas traziam de volta a arma....
Mais desistiu, o que queria era comprar uma arma, atravessar novamente a cidade, voltar para sua casa e por uma vez na sua vida ir até o fim com uma decisão sem ter medo....
O que precisava naquele momento era apenas de uma arma que disparasse, que funcionasse...
E não querer saber por que ela sempre voltava para aquela loja...
Por que os outros a traziam de volta...não era um problema seu...
Mesmo com a pergunta lhe pertubando, martelando na sua cabeça...olhou para aquele homem atras do balcão e para uma arma que tinha voltado varias vezes para suas mãos e num impulso...
Na vida fazemos escolhas que não sabemos por que, do mesmo modo que não sabemos por que a vida nos traz escolhas em momentos que não esperamos...que não queremos...
Mandou o homem embrulha-la... não sabia muito bem o que estava fazendo...tinha ao seu redor milhares de outras armas, algumas que talvez nunca tivesse saido daquela loja...mais naquele momento a unica que via na sua frente era aquela.. que como ela tinha uma historia... um final sempre igual ao seu....voltar para o mesmo lugar...
Só que dessa vez nenhuma das duas voltaria...
Olhou para o homem e quiz lhe falar que ele não mais veria aquela arma..dessa vez seria diferente...aquela arma não voltaria mais para lá...
Dessa vez seu destino seria outro....
Não iria mais parar ali naquela loja no fim do mundo...
Pois quando os policiais chegasse ate sua casa recolheria ela junto ao seu corpo.... a lacraria dentro de um saco plástico...usaria ela para provar que fora apenas um suicídio de mais uma pessoa que resolveu acabar com sua própia vida...mandaria a arma para um deposito qualquer...e com o tempo voltaria novamente paras as mãos de um outra pessoa...no mais para um policial que a usaria para proteger pessoas que ele nunca tinha visto na sua vida...
Ela viu a escuridão que vinha de dentro do cano da arma.
Era a mesma escuridão que vinha de dentro dela. Que aprendeu a conviver...
A mesma que sempre a acompanhou durante toda a sua vida.
Que lhe visitava durante a noite.
Que lhe abraçava quando se via sozinha...
Sem ninguém...quando nesse momento a dor era sua única amiga e companheira.
Sentia a arma fria entre suas mãos, tremendo em seus dedos.
Sabia que ao apertar o gatilho interromperia de vez os seus sofrimentos, suas angustias, seus medos...suas lágrimas...não mais sofreria...
Sairia de uma guerra que sempre voltava com cicatrizes profundas por todo o corpo.
Feridas que jamais curavam..que sempre sangravam...e doíam...
Estava cheia de se entregar e de lhe largarem por aí, machucada.
Estava cansada de apenas amar e nunca, mais nunca mesmo ser amada de verdade.
Não aguentava mais a injustiça de compartilhar seu coração e -lo estilhaçado depois.
Sua alma já não aguentava mais tantos tapas, sempre sendo violentada por noites, dias de um amor mentiroso que só satisfaziam eles, mais nunca ela...nunca ganhava...sempre perdia...e sempre perdia muito...
Sua alma estava cansada daquelas tantas surras que levava toda vez quando um relacionamento acabava.
Quando eles diziam que o amor tinha acabado...que nem ao menos tinha começado para ela...
Sempre que começava a sentir o gosto do amor na boca, a lhe dar sabor na língua, tinha que cuspi-lo de volta, pois tinha se estragado...não podia mais ingerir...
E a porta do quarto se fechava mais uma vez, e ela novamente se via ali só, com aquela escuridão lhe rodeando.
Lhe sussurrando no ouvido que só eram as duas agora...
Alguns anos atrás tinha decidido não mais se entregar, arranjava sempre uma desculpa para não sair nos finais de semana com os amigos..não atendia os telefones dos homens que tinham conhecido em outras festas....
Esperava com isso não ter mais que amar.
Achava que trancando a porta do coração e jogando as chaves nas profundezas de um oceano poderia assim ter paz...encontrar um pouco de alegria que sempre pensou que acharia nos braços, nos lábios, nos carinhos dos homens com quem ficava.
Mais o amor sempre partia, abria suas asas e voava para outros céus....
Saia de seu horizonte....
E por isso resolveu não mais amar... não tornaria a se entregar jamais...
Com o tempo viu que não era assim.
Seu coração pedia por amor. Seu corpo pedia para ser amado, tocado.
Sua boca ansiava por outros lábios, seu sexo por ser penetrado...
E todos os dias lutava consigo mesmo..
Com aquela dentro de sim que ao contrario dela queria se entregar.
Que não queria ficar ali naquela casa assistindo tv, comendo tudo que encontrava na geladeira.
Lendo revistas, falando da vida dos outros...
Se agarravam numa luta sangrenta para não deixar que a outra saísse.
Mais um dia não conseguiu mais aguentar. E a outra saiu...
Amou, se entregou...foi feliz por alguns instantes...por alguns dias..
Sorriu...falou do que sentia...contou seus segredos... abriu seu coração...cantou...dançou e dançou....
E mais uma vez a cama voltou a ficar larga...
A porta do quarto tornou a se fechar e não mais abrir...
E ela gritou...chorou...jurando que bastaria...
Que a cura para aquilo estava na morte daquilo que lhe fazia tanto sofrer....o coração....

(continua)

7 comentários:

Daniel Braga disse...

Nossa.. que legal.. tá fazendo livro? haha
Gostei bastante. Como já te disse adoro suas comparações.

~Apesar do texto ser enorme.. esotu ansioso pela continuação.

Até a próxima.

FRAN "O Samurai" disse...

Oi amigo!

Um texto bem interessante, gostei muito da narrativa, adoro um drama!

Acho que você deveria começar a escrever algumas páginas e quem sabe, saia algum best-seller heim?

Amor e ódio caminham juntos dentro de um coração necessitado.

Gostei, parabéns.

Abraço.

Ava disse...

Ademerson, obrigada por tanto carinho deixado lá no meu blog!
Estava vendo seu perfil. Tão jovem!
E com uma capacidade escrever que encanta...
Linto conto, e muito triste tb!
É muito complicado lidar com as dores do amor, e vc coloca essas dores de forma escancaradas...
Assusta, mas é assim mesmo!

"Sempre que começava a sentir o gosto do amor na boca, a lhe dar sabor na língua, tinha que cuspi-lo de volta, pois tinha se estragado...não podia mais ingerir..."

Quantas vezes temos que fazer isso...
Muito louco!
Sei lá!
Fiqui boquiaberta com seu texto!


Beijos avassaladores!

Cássia Sena disse...

Oiê! Obrigada pela visita e pelo comentário lá no meu blog!

Sintá-se a vontade qtas vezes quiser!

E essa história??? Me deu arrepios!

Grande abraços!

Isabel Leon disse...

Nossa, continua???
Não quero tirar conclusões precipitadas, quero ler o desfecho da história.
Mas até agora, o que pude ver da personagem é o erro bastante comum de se projetar a responsabilidade da felicidade na pessoa com a qual nos relacionamos.
Tudo, tudo nesta vida serve de aprendizado, sejam momentos felizes como a angústia de sofrer por um amor não correspondido.
Quando vem o final??? Me avisa!

Abraços

Silvia Cristina disse...

Demais esse texto, triste, mas realista. Tirando o perfil suicida, me encaixo com a personagem.
Mas não desisto, pois acredito no amor, e de tantas surras no meio do caminho, a alma já calejada, se veste de armadura, para viver um próximo amor, com um pouco mais de razão e bom senso. Mas viva, claro!

Grande beijo, e parabéns lindo blog.

CARLA FABIANE... disse...

FELICIDADE

Nunca a lua está ao alcance da mão, nunca o fruto está maduro.
Sombras, lágrimas. Nunca estamos satisfeitos.
Mas, há uma forma melhor de viver!
A partir do momento em que decidimos ser felizes,
nossa busca da felicidade chegou ao fim.
É que percebemos que a felicidade não está na riqueza
material, na casa nova, no carro novo, naquela
carreira, naquela pessoa. E jamais está à venda.
Quando não conseguimos achar satisfação dentro de nós
para ter alegria,estamos fadados à decepção.
A felicidade não tem nada a ver com conseguir.
Consiste em satisfazer-nos com o que temos e com o que não temos.
Poucas coisas são necessárias para fazer feliz o homem
sábio, ao mesmo tempo que nenhuma fortuna
satisfaria a um inconformado.
As necessidades de cada um de nós são poucas.
Enquanto nós tivermos alguma coisa a fazer, alguém a
amar, alguma coisa a esperar, seremos felizes.
Saiba: A única fonte de felicidade está dentro de você, e deve ser repartida.
Repartir suas alegrias é como espalhar perfumes sobre os outros:
sempre algumas gotas acabam caindo sobre você mesmo.
bjs