"Quero poder andar por ai.Conhecer lugares e pessoas. Quero amar e dizer que o amor não é apenas um conto, Mais uma realidade."

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

FILHOS MEUS!!!!!!

Como um parto sem contrações,
Saem,
Ganham a vida,
Minhas própias mãos os trazem, os empurram para fora
Expulsam de mim
Sem gritos, sem o suor dolorido dos nascidos
Nascem,
Não preciso de parideiras, e nem médicos
Não nascem do sexo, das carícias, dos beijos
Mais do amor das minhas vontades, dos meus desejos
Sem cortes, sem dilatação, sem sangue ponho os no mundo
Minhas próprias mãos faz o parto, lhes dão a vida,
Frutos meus, que concebo e os entrego,
As vezes com dor, as vezes com alegria, outras apenas escrevo
Dou á luz,
Sou pai, sou mãe
Despejo no papel meus filhos,
Minha prole prematura,
Minhas idéias, pensamentos que me engravidam e esperam sua nascença,
Seu parto,
Vejo as nascer, crescer diante dos meus olhos
E voarem, partem sem ao menos os acariciar, me despedir,
Ali mesmo se libertam,
Partem,
Partem por que nascerão para os outros e não para mim
Sou a barriga de aluguel,
O ventre de varias gestações,
Que servi para dar a vida,
A alma, o corpo,
São filhos sem pais,
Órfãs,
Sou pais de milhões,
A fonte que pari e nunca os têm,
Sou pai e a mãe que concebe a cria sem criar,
Crianças minhas, órfãs que crescem em outros lares, em outros seios,
Sentam nos bancos das praças, das escolas, se escoram nos muros,
E ali penetram nas mentes, invadem os pensamentos dos que o lêem,
Escrevo por que sou fonte de vida,
Sou pais de filhos não meus
Reconheço um deles quando os vejo
Me procedem, vão onde não posso chegar, aonde não consigo ir
Sorrio por que eles levam na veia meu sangue
Levam uma parte de mim, uma identidade
Um pedaço de mim está solto por aí...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

CARNAVAL!!!

A música explode alto
Retumba pela ruas,
Chega a mim forte nos ouvidos,
As cidades pequenas então crescem
Ganham de um dia para o outro milhares de moradores
Sou um desses hoje,
Gente sem identidade, com vontade, extasiadas pela tão esperada festa
A multidão espessa então se espreme, pula, grita
Se exalta,
Deixa a felicidade penetrar fundo,
Mãos, pernas, cabeças se batem, se tocam
Hoje é dia de esquecer a tristeza,
De espantar os fantasmas
Roupas de pano, papel, plástico se misturam
Cores se fundem,
Um arco-íris compacto a se formar no solo que hoje some
Agora só são pés por todos os cantos,
Corpos que se unem
Que pulam a mesma música,
Escorrem o mesmo suor
Temos isso na veia,
Essa alegria inexorável,
Adoro essa época em que vejo rostos pintados,
As mascaras libertas para esconder o cansaço, o medo, o tédio, as brigas
Nesses dias todos se esquecem um pouco dos seus problemas,
E também dos problemas dos outros
Não importam a viagem que façam, a distancia que percorrem,
Procuram apenas uma coisa, o descanso da alma,
A alegria do corpo,
Abraçam a algazarra da felicidade,
Se alimentam dessa festa, deste circulo que se forma,
Não importa se amanha quebrar, e cada um voltar para sua vida,
Apenas importa essas horas que se seguem cada vez mais curtos,
Vejo essas pessoas passarem por mim,
Olho o trem humano que acabam de fazer,
Esse trem não solta a fumaça negra, apenas o som da alegria,
O trilho não segue reto, e a cada passo um vagão novo surge
Se agrupa,
Vozes que se perdem entre outras que vão surgindo,
Gente nova, gente velha, crianças
Chegam de todos os lugares, saem da escuridão,
Infiltram na multidão, formam uma única massa,
Sinto alguém me tocar, viro é um amigo,
Sorrio ao ver que esta com a cara suja de tinta,
Ele me puxa,
Deixo me levar,
Quero também me misturar a essa massa,
Quero esquecer hoje por algumas horas o que tenho todos os dias...

PAIXÃO!!!!

Paixão avassaladora, devassa
Que me penetra a alma
Rasga a carne, perfura minha veia
Sangro, choro, sorrio, suporto,
Suporto por que o desejo, o quero,
Sei o perigo, sei das consequências
Sei que pode ferir,
E sempre acaba ferindo
Deixa marcas,
Cicatrizes profundas que carrego comigo para a vida
Às vezes o confudo com O Amor verdadeiro e me entrego
Me deixo mergulhar nesse mar de prazer
Nessas correntezas de emoções
Sei que uma hora vai partir
Levantar velas, navegar em outro mares
E então me verei novamente vazio,
Velejando em mar aberto,
Incompleto, sozinho a caminhar na estrada
Então repetirei que essa será a última vez
Não irei mais me entregar,
Fecharei minhas portas, trancarei minha alma e corpo
As chaves arremessarei ao fundo do oceano,
Que se perca nas suas profundezas,
Mais sei que também minto,
Me arriscarei outras vezes,
Não me culpo, mais a culpa insiste em querer ficar
Pousa no meu peito, fecha suas asas,
Paixão, tormenta,
Fogo crepitante que ora queima, me consome, me exauri
Ora vira faísca, apaga, se torna cinzas
Quero não o desejar,
Mais sei que qualquer a momento acendera
Se transformara em labaredas, me incendiara,
E acabarei por me entregar mais uma vez
Deixarei ela me possuir,
Se instalar em mim,
Qualquer horas dessas encontro o Amor verdadeiro
E assim deixarei de deseja-la...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

LEÕES!!!

Leões!!!! Assim os chamo,
Geralmente me surpreendem quando estou só comigo,
Quando me vejo solitário com meus pensamentos,
Naqueles momentos de resguardo,
De distanciamento,
Sei o quanto me falam que sou esperançoso,
De Fé,
E realmente sou,
Mais me mantenho com os pés no chão,
Não os cravo na terra pois quero também que eles voem as vezes,
Saibam que ainda carrego sonhos incompletos,
Só não me deixo levar pela miséria que tanto ouço falarem,
Que tanto proclamam ai fora,
Não fujo da sua existência,
E nem tampo os ouvidos dos seus gritos,
Sei que a cada um foi dado uma missão,
Um caminho a ser percorrido, atingido,
E nunca um dever atingira só aquele que cumpre,
Mais também as pessoas que o rodeiam,
Talvez ainda não compreenda qual a minha missão,
E talvez por isso me sinto as vezes aflito,
Meio perdido num deserto,
Sei que a cada dia renascera um novo medo,
Um fantasma diposto a me tirar do Bom caminho,
Do meu combate,
Nesse momento tentarei não me desanimar,
Não fraquejar diante o desconhecido,
Precisarei as vezes também me afastar um pouco desse mundo,
Dos seu pesadelos,
Eles não vem a noite, mais sim na luz do dia,
Se esgueirando,
Leões prontos a atacar,
A me dilacerar por dentro,
Com seus olhos negros,
Suas garras afiadas que jamais me tocaram,
Mais que sempre me deixam assustado,
Nesse momento sinto medo,
Medo esse que sempre me conduz, mais que nunca me leva,
Pois aprendi a lutar,
Aprendi até onde o medo pode ser bom para mim,
Para em seguida o surpreender e tomar as minhas própias rédeas.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

PROCURANDO

Vasculho tudo pela frente ,
È meu dever procurar o que perdi por aí,
Não quero o jogado, solto, perdido,
Então abro gavetas, rastejo em baixo das camas, tiro as caixas empoeiradas de cima do guarda-roupa,
Reviro os armários da casa, as gavetas dos outros moveis, mexo nas coisas dos meus irmãos,
Entro no quarto dos meus pais,
Não deixo passar nenhum cómodo,
Nenhum lugar fica livre da minha procura,
Do meu olhar clinico, meticuloso,
Das minhas mãos,
Minuciosamente observo cada vão vazio, cada brecha, enfio a mão em todo buraco que encontro,
Então me vem a mente o pensamento que procurava afastar a qualquer custo,
"E se acaso eu o tiver perdido lá fora",
Talvez em cima do banco enquanto esperava o ónibus, ou dentro do próprio ónibus,
Talvez tenha caído e não percebi,
Ou deixei na igreja, passei lá para rezar um pouco,
"Há tempos que não fazia isso, que não entrava numa igreja",
Talvez tenha esquecido mesmo lá,
Mais e se alguém o pegou?
Sim sei que ninguém cometeria um pecado desses, roubar algo logo dentro de uma igreja,
Mais somos Seres Humanos,
As vezes fazemos e devemos fazer coisas não na intenção de prejudicar o próximo,
Mais simplesmente por que nossa voz intima ordenou,
E é nosso dever aprender escuta-la,
È assim a vida a todo instante,
Nos instigando a seguir em frente,
A rodar sua roda invisível,
E apenas por este motivo devo também pensar que pode não esta mais lá,
Que o lugar que ocupava em cima do banco esteja agora vazio,
Que o levaram de mim,
Então me preocupo,
Talvez volte imediatamente a igreja, e tire logo essa aflição, essa dúvida que me atormenta,
Mais tenho medo de não o encontrar,
Me irrito, por que não é a primeira vez que isso acontece,
Já o perdi outras vezes,
Em algumas dessas vezes foram meus próprios amigos que o encontraram e me devolveram,
Nas outras foi pessoas desconhecidas que nunca vi na vida,
Mais viram quando caíram de mim,
E por uma lei do destino, ou por que não sabiam o que fazer com aquilo resolveram me devolver,
Mais aconteceu de novo e mais uma vez o perdi por ai,
Esta largado, sumido,
Sinto que devo estar preocupado,
Mais sei que lá no fundo não estou,
Ao contario ate me sinto bem,
Parte dessa perda eu quis, eu desejei,
Não sei o motivo, não sei por que fiz,
Mais sei que devia o perder,
E que agora o devo procurar,
Isso acontecera mais vezes,
Pois tenho que aprender a perdê-lo,
Tenho que saber que ele nunca sera para sempre meu,
E sei também que ele volta, sempre volta...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

ME LIMPANDO!!!

Pulei da cama e corri para a janela,
Gritei alto, forte, a plenos pulmões,
As outras janelas se abrirão,
Rostos adomercidos apareceram,
Rostos espantados,
Atónitos me fitavam,
Ouvi alguns deles dizer,
"Ele esta louco"
Não, não é loucura,
È meu peito pesado,
Meu coração inchado,
De tanta mediocridade, da hipocrisia, da falsidade
Que pego sem querer por aí,
Está na hora de devolver o que não é meu ,
Então enxoto, jogo em baixo da janela tudo isso,
Despejo o esgoto que polui meu corpo,
Venham, peguem o que vocês deixaram largados,
Nas ruas, nos bancos, nos trens, nos ónibus, no trânsito, nos ambientes de trabalhos,
Juntem os pedaços,
Tragam potes, sacolas, pás e recolham,
Levem para suas casas o que são seus de direitos,
E procure não mais deixa-los perdidos,
A mercê de inocentes,
Volto para meu quarto, para minha cama,
Sei que um dos meus entrara a qualquer momento e me perguntara:
"Você esta bem?"
Sim pai,
Sim mãe,
Sim irmãos,
Agora estou bem,
Me sinto leve,
Minha respiração não esta mais pesada,
Meus olhos não estão mais turvos e embaçados,
Voltei a enxergar,
Vejo tudo mais claro,
Deixei escorrer das minhas mãos o liquido sujo que tanto me fazia mal,
Só peço um favor, que me deixem agora dormir,
Quero voltar para meus sonhos,
Pois sei que lá tudo posso,
Não preciso fugir,
Lá me refugio dessa manada que nos cerca,
Lá só Rei, sou anjo, sou animal,
Deixem-me voltar para meu mundo encantado,
E só me acordem quando o mundo parar de chorar...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

ALTURAS!!!!

De onde estou observo as colinas e os campos verdes se estenderem,
O céu esta claro, azul e o sol clareia o mundo lá em baixo,
No horizonte vejo surgir um ponto preto, pequeno,
Ganha tamanho cada vez que se aproxima,
Se torna enorme, uma imensa ave a voar,
Voa alto, livre, suas asas movimentado sem parar,
Não param de bater, assim como meu coração que também bate veloz no peito,
Ouço seus guinchos pelos céus,
Sou essa ave que voa livre, que parte sem direção,
Que beija os céus e abraça os mares,
Sou livre para voar como essa ave,
E alcançar todas as alturas,
O vento balança as copas das árvores,
As folhas caem no chão,
Voltam a voar em redemoinhos para longe,
Voam também livres como a ave no céu,
Daqui tenho a sensação que posso ver todo o mundo,
Os mares, os rios, as estradas, os animais, as pessoas,
Sinto paz, uma felicidade imensa me invadir e me encher,
Toco a árvore ao meu lado, sinto sua respiração, sua vida pulsa forte na minha mão,
Sou essa árvore que nasceu do chão, brotou da terra e que leva a terra dentro de si,
Que tomou sol e chuva,
Que lutou contra o vento, as noites geladas e as tempestades,
Sinto isso tudo latejar dentro de mim,
Sinto sua vida correr nas minhas veias,
Ela também sente o que vai dentro de mim,
Sente minha vida correr nas suas raízes,
Minhas emoções, meus medos, minhas aflições, meus sentimentos,
Ela sou eu e passa a me entender,
Compreende meus sofrimentos,
Sabe que sou também parte dessa terra que leva dentro de si,
E para a terra voltarei quando chegar a hora,
Sou essa árvore que cresceu para o alto,
Que quer tocar o céu,
Eu sou eu mesmo querendo sempre ir alto,
Mesmo que a altura me dê sempre medo de subir...

SORRISOS!!!!

Hoje acordei com uma vontade imensa de sorrir,
Não falo de sorriso tímido, de pessoa que ganha presente que não pediu,
Falo de gargalhada, de barulho de trovão no céu...
De explosão de dinamite...
Não estranhe se ouvir dai um rompante, um ruido forte, um tremer de terra, é minha voz querendo chegar até você...
Querendo calar o barulho das guerras, das armas que não param, das brigas, dessa cacofonia desagradavel de cidade grande que as vezes me irrita..
Então que vá, encontre os miseraveis, os pessimistas, os tristes, os brutos, estes são os que mais quero tocar.
Quero que minha voz se esvai, cruze o horizonte, chega a outros lugares, que entre nos becos, nas vielas, no fundo dos mares se possivel, se estenda para fora da terra.
Que cruze o universo...
Chegue as estrelas, aos cometas, as outras galaxias...
Quero que coloque-o na internet, na televisão no rádio...
Sim quero sorrir, sorriso alto, forte, destruidor.
Não quero mais choro, não quero mais lágrimas, e nem ranger de dentes, mais apenas a música do meu sorriso crescendo, indo, vindo...
Não tampem os ouvidos, não se escondam, pois não terão para onde ir, ela te encontrara, e entrara no seus poros, invadira seu corpo, na veia, e em minutos tambem estara sorrindo, estara comigo regindo essa imensa orquestra de sorrisos...

SENDO TOCADO!!!!

Atravesso os últimos bancos que faltam e me sento no primeiro em frente ao pequeno altar.
Além de mim não há mais ninguém ali dentro. Apenas o silêncio que há muito tempo não ouço.
Ainda esta cedo, sou o primeiro a chegar.
A voz que tanto fala dentro de mim agora esta silenciosa, muda.
Sinto medo e ao mesmo tempo alivio, pois ela nunca fica quieta desse jeito.
Apreendi com o tempo a ouvi-la, a lhe pedir conselhos. E também apreendi mais tarde a não acreditar nela sempre...
Tudo esta do mesmo modo que á alguns meses atrás, quando estive ali.
Numa parede reparo que um novo quadro foi posto. È uma imagem de Cristo com as mãos abertas, como se quisesse abraçar novamente o mundo.
Mãos agora sem chagas, sem sangue, sem as tão conhecidas cicatrizes, apenas estendidas, talvez para que todos possam no final da missa passarem ali na frente e tocar aquelas mãos, acreditar um pouco que estão tocando a mão divina.
Assim somos, seres vulneráveis, sempre acreditando que ele se manifestara em algum momento e nos tocara...
Eu sou um desses seres...
Deixo os joelhos dobrarem, tocarem o chão frio. Minhas mãos se juntam, abaixo a cabeça. Mergulho dentro de mim mais uma vez. Hoje não busco respostas, faço de tudo para que meus pensamentos parem um pouco, se calem, não quero me ouvir, quero ouvir, quero somente poder me silenciar e sentir que hoje estão falando comigo.
Levanto os olhos para um homem de gesso pregado numa cruz de ferro que esta atrás da mesa, sua cabeça esta levantada para o alto, dela desce um filete de sangue, no seu corpo também há marcas, há mais sangue, seu rosto contorcido pela dor implora por socorro, por ajuda há alguém que ninguém nunca viu, que ninguém jamais tocou, somente aquele homem, e mesmo assim agora esta ali, sofrendo, sangrando por um mundo, por milhões de pessoas, não para se salvar, mais para salva-las...
Sei que eu sou um delas....
Lá fora cai uma garoa fina, O vento entra pelas portas e chega até mim, um vento frio, gelado que faz meu corpo tremer, sei como o céu está nublado, mais me esforço para esquecê-lo, não quero me sentir como aquele céu.
Hoje quero sair dali novo, límpido como essa água que cai, cheio daquela mesma luz que vejo nos meus sonhos de vez em quando....(faz algum tempo que não sonho com aquela luz)...
Mais desejo poder encontrar a luz dos meus sonhos...
Lembro-me cheio de culpa que há muito tempo não entro ali, não que não quisesse, não que por algum segundo deixasse de acreditar Nele, no seu poder, que deixasse de te-lo dentro de mim, mais me faltava algo, algo em que eu não sei o que é...não sei como explicar.. mais sei que falta...e sei que talvez hoje, amanha ou depois eu não o descubra....
Está tudo em completo silêncio, calmo, ouço somente minhas palavras, elas são sussurros que movem meus lábios, movem meu corpo, mais saem como gritos fortes do peito.
Peço desculpas, agradeço pelas preces, faço outras, choro e por incrível que pareça eu brigo.
Sei que não estou no direito de cobrar nada mais sinto essa vontade te pedir explicações. De que querer saber o por que daquele peso as vezes parecer tão forte sobre os ombros...
De repente meus sussurros se transformam em soluços. E os soluços em lágrimas fortes. Lágrimas salgadas que descem, que flui...
Meu rosto então mergulha nelas, meu corpo mergulha, meu peito mergulha, eu mergulho naquelas lágrimas.
Elas escorrem, me lavam.
Sou nesse minuto alguém que não se vê, pois não está ali mais em corpo, somente o espírito, entro em uma luz branca, e um instante depois sou aquela luz...
O mundo não existe, pois não estou mais nele...
Ouço palavras que não são minhas sair da boca, meu corpo sente uma paz que não é dela.
Uma paz que me abraça, que me laça, não quero sair, não quero escapar dali...Que demore....
Mais sinto que ele me deixou, é estranho por que ainda sinto que estou cheio, como se ainda não tivesse partido...
Olho para a imagem lá na frente e compreendo o por que...ele mais uma vez me tocou...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Dias de chuva

Já falei do meu gosto pela chuva,
Da forma que me paraliso quando ela se manifesta,
Da minha paixão de ver a gotas cairem no chão, do barulho que faz no telhado, tamborilando até virarem pequenas cahoeiras a descer pelas calhas,
Gosto do cheiro de terra molhada que logo fica depois,
Gosto de vê-la fluir límpida dos céus, banhar tudo que encontra pela frente,
Ela vem, lava e tudo se torna novo, limpo.
Não falo das tempestades que chegam e arrastam tudo que encontram pelo caminho,
Não falo da fúria que as vezes os céus desaba e que parte da culpa tambem é do homem,
Pois sabemos que essa fúria a natureza possui sim,
Mais se vem dessa forma é por que esta cansada de ser também castigada.
E assim se protege da mesma forma que seu inimigo faz, destruindo.
Nos dias de chuva me recolho em um canto meu,
Não quero falar, não quero pensar, apenas ouvir o barulho dela gritando pelo mundo,
Fico observando as gotas descerem até atingir seu ponto final,
Explodirem em milhares de outras gotinhas,
Quando posso toco em algumas gotas e deixo elas escorrerem pelos meus dedos,
Molhar minha mão,
Água fria,
Àgua que sempre existiu, que já percorreu grandes caminhos,
Nesse momento sou essa agua que cai,
Que flui,
Que me lava, me toca,
Adoro esses dias de chuva,
Adoro os dias em que também sou uma gota e me perco na chuva.

OBSERVANDO

Às vezes fico em pé olhando da janela do quarto,
Observando o cotidiano que também é meu,
Dali tenho uma pequena parcela da vida,
Presto atenção nas coisas que me rodeiam,
Nas quais não quero para minha vida,
E nas outras que não quero repetir,
Se reclamo sei que é por que ainda não aprendi a respeitar o tempo,
Por isso pratico a paciência,
Fico em silêncio quando a ansiedade me invade,
Sei que a luta é inevitável,
E por isso o espero,
Não sei ainda interpretar os sinais que aparecem,
Mais mesmo assim não os evito,
Vejo as pessoas que acabam de chegar dos seus trabalhos,
Seus rostos convertidos em cansaço,
Sabem que apenas terão um intervalo,
Amanha será um novo dia e tudo se repetira,
Vejo as crianças descerem com suas mochilas para a escola,
No dia de hoje elas também trabalham,
Aprenderam cedo o suor da luta.
A noite esta clara,
Vejo as estrelas brilharem num céu misterioso,
Sei que se continuar a vê-lo começarei a querer mais uma vez tentar decifrá-lo,
E sei que isso é um mistério que ainda não possuo.

PENSAMENTOS

Tenho pensamentos que ás vezes me invade,
Enche minha memória e fica a ir e vir,
Turbilhões que voam, descem e sobem,
Tem dias que luto e as venço
Tem dias que luto e perco
E dias que apenas as deixo....
Pensamentos meus, dos outros e secretos....
Pensamentos que me rodeiam,
Que giram em torno de mim e nunca somem,
Como o vento que ás vezes tem o ar frio e faz meu corpo tremer,
Outras como o ar quente que aquece meu corpo,
Às vezes são monstros e sinto medo,
Outras guardiões mesmo assim fico alerta...
Quando menos espero eles vêm a superfície,
E ficam a boiar,
Querendo que eu os salve,
A tragam para fora,
Muitos porém eu deixo naufragar
Imergir no fundo do meu oceano,
Mais sempre voltam...sempre...
Pensamentos que nunca param...
Que nunca se calam....

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

MEU AMOR

Ela abre os olhos e me vê,
Procuro me esconder, mais é tarde ela já me viu,
Então me aquieto, fico em silêncio,
Sou uma criança a brincar de esconde-esconde,
E procuro um esconderijo bem protegido,
Longe de seu olhos viscosos,
De sua forma inconstante de ser,
Sei que uma hora ela vai me encontrar como sempre faz mais cedo ou mais tarde,
Só quero que não seja agora, não ainda,
Procuro prender a respiração,
Não fazer nenhum ruído,
Não quero que ela perceba que eu a aguardo também,
Que a espero acordado a dias,
Vejo ela se aproximando devagar como não quer nada,
Faz seu ritual de sempre,
Traz consigo tudo aquilo que não quero, não agora,
Sei como meu coração fica veloz na sua presença, de como meu corpo treme todo,
Minha respiração se torna torrencial, como uma represa que acaba de derrubar suas barragens e corre veloz pelos campos,
Meus pensamentos viajam para vários lugares ao mesmo tempo,
Explora mundos,
Tudo nesse momento parece interminavel,
Mais chega a hora que não esperamos, o fim vem, e tudo passa,
Fica aquele momento não terminado ainda,
Aquele gosto de quero mais,
Sempre sei o que acontece quando essa hora chega, e o que ela traz consigo,
O vazio surge...
E se limita a ficar,
Ela porém se transforma em uma imensa pedra e se ergue a minha frente,
As vezes abre suas asas e parte sem aviso,
E tudo volta ao normal,
Meu desejo se mistura de a ver o mais longe de mim possivel e a querer aqui,
Pois não posso mentir que tambem a quero perto de mim de vez em quando,
Então volte, susurro, mais ela não ouviu, já sumiu no horizonte,
Só desejaria que ela não passasse tão rapido quando voltasse da próxima vez,
Que demorasse mais alguns minutos extras,
Pois quero poder sentir aqueles minutos únicos,
Que meu chão some, que o tempo parece se transformar em segundos,
As cores se misturam,
Que todo barulho se resume nos ruidos de nossos corpos, ávidos por ela,
Em extase da sua bebida que se derrama como cachoeira em nossas cabeças,
Ela ja tinha vindo outras vezes e eu a mandei embora,
Não queria te-la ao meu lado,
Sabendo que toda vez que se aproximava todas minhas lágrimas voltava,
Minha dor crescia, retornava o meu medo insuportavel de perde-la novamente,
Pois sinto medo de perde-la a todo instante, mesmo sabendo que a perderei,
Por isso eu a evito quando posso,
E quando vejo que ela cruza meu caminho faço de tudo para desviar,
Claro que tem vezes que a gente se esbarrava,
E ela me abraça,
Nesses instantes tudo é tão forte, tão claro e lúcido que posso ouvir o bater de suas asas ao meu lado, frenéticos,
Tudo é tão cheio que parece que vai durar para sempre, nada escapa,
Mais não,
Aprendi que não existe para sempre,
Que uma hora acaba,
Então suas mãos se trasnformam em tentaculos,
Que me ferem,
Que me apertam até sangrar,
E se eu não fizer alguma coisa para me soltar,
Acabo preso, enrolado em sua garras perigosas, venenosas, afiadas,
Meu Amor novamente me pegou....